Por que o sonho de Brizola (escolas de turno integral) fracassou no RJ e RS?
Veja nessa matéria tirada do site da Secretaria da Educação:
Quando foi governador do Rio de Janeiro, entre 1983 e 1987 e, depois, entre 1991 e 1994, Leonel Brizola deu início ao sonho de implantar escolas de turno integral com a construção de pelo menos 500 Centros Integrados de Educação Pública (Cieps). Passados mais de 17 anos do fim de sua gestão, a proposta fracassou no Estado, e também no Rio Grande do Sul, onde foi implantada no início dos anos 1990 na administração do PDT.
Segundo a Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, de cerca de 500 Cieps construídos e postos em funcionamento no Estado, 307 continuam sob a gestão da rede estadual. O restante foi repassado para os municípios ou destinado para outras atividades. Do total de escolas ligadas ao governo estadual, apenas 150 seguem com o horário integral, o que corresponde a menos da metade da rede de Cieps.
No Rio Grande do Sul, onde os centros foram erguidos durante a gestão de Alceu Colares (1991-1994), seguidor de Brizola, a realidade é ainda pior: de mais de 90 escolas construídas, apenas 16 contam atualmente com o horário ampliado, segundo dados da Secretaria de Educação. Uma das poucas que ainda resiste com o turno integral é a Escola Mané Garrincha, na capital gaúcha.
Com 490 alunos, a escola oferece turno integral para 250 estudantes do 1º ao 5º ano, que ficam no colégio das 8h até as 17h30. O restante, do 6º ao 8º ano, permanece na escola quatro horas por dia. Segundo o diretor, Sérgio Luiz Carvalho de Aguiar, após a inauguração em 1994, o Ciep funcionava com horário integral para todas as turmas. Porém, problemas na estrutura de um dos prédios, que precisou ser interditado, obrigaram a redução da jornada para poder atender com as aulas normais todos os estudantes.
O prédio ficou fechado por mais de dez anos e as obras ainda estão em andamento. A estimativa do diretor é que a estrutura possa voltar a ser ocupada nos próximos meses, com a ampliação da jornada. Enquanto isso, os alunos estão sem laboratório de informática e de ciências, que foram transformados em salas de aula. "Com a reforma também vamos voltar a ter dois ginásios, um refeitório espaçoso e uma cozinha industrial", diz o diretor, que está no magistério há 35 anos.
Segundo Aguiar, o maior problema para o turno integral é a falta de continuidade dos projetos políticos dos governos. "A reforma no prédio ficou tanto tempo parada porque não era uma prioridade para os governos. O turno integral precisa ser um projeto de Estado, separada das vaidades políticas, se não acaba um governo e morre tudo", afirma.
A professora de pós-graduação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) Lígia Martha Coelho concorda que o turno integral precisa superar as questões partidárias. "A proposta dos Cieps foi esvaziada porque não houve compromisso de continuidade por parte dos governos que se seguiram", afirma Lígia, que é coordenadora do núcleo de estudos de educação integral da universidade.
Além da falta de continuidade, a professora aponta que fracasso do projeto se deve também a "necessidade política", no caso do Rio de Janeiro, de construir 500 prédios que eram "promessa de campanha". Segundo ela, a urgência em colocar as escolas em funcionamento não permitiu que fosse dada prioridade ao projeto político-pedagógico, como se pretendia na ideia original. "Era difícil dar conta de implantar vários Cieps a cada mês e ainda discutir, no campo mesmo das escolas, todos os desafios que eram apresentados, diariamente, pelo cotidiano da proposta em funcionamento", afirma.
LEIA MATÉRIA COMPLETA no site da Secretaria da Educação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário